PROJETO 3X1 -EUNICE ESPINOLA

PROJETO 3X1 -EUNICE ESPINOLA
PROJETO DE 3 MÍDIAS E UMA PREMIAÇÃO

domingo, 31 de agosto de 2014

POR ONDE ESTIVE - PIZZARIA CASA DE PEDRA

Olá amigos,

Como é de conhecimento de todos eu adoro "selffies" ... E bem antes deste nomezinho inglês nascer eu já postava minhas idas e vindas.
Portanto , para tanto e no entanto resolvi trazer para o blog estes momentos.

Com o titulo de POR ONDE ESTIVE - E dando inicio a minha jornada... Espero que gostem!



Sábado é dia de relaxar, então a noite fui a uma pizzaria.


Rua da Flórida - 62 - Graça -  Salvador -Ba - Brasil  -71- 30336262 - Das 18:30 ás 23:30.





De entrada - crostini alecrim e sal grosso.
Suco de abacaxi com hortelã.
Pizza - Toscana.
Um delicioso cafézinho e a conta.











Ambiente lindo, bem decorado, atendimento excelente... uma característica que me chamou a atenção - O sorriso plantado no rosto  de todos desde os garçons à gerente. 





ATENDIMENTO DEZ  - Isto não tem preço! 









*E não vamos ficar só nos elogios não, faremos criticas construtivas também. Por onde eu estiver!

EUNICE IS BLACK PRA VOCÊ!


sábado, 30 de agosto de 2014

E.L.A. DEPOIMENTO DE DENISE SARMENTO



A famosa campanha que desafia personalidades a jogarem um balde com água gelada na cabeça ou fazer uma doação de US$ 100 a ALS Association-Associação americana que financia pesquisas para encontrar a cura da doença e também serviços para pacientes, me reportou ao passado. O texto abaixo foi escrito por mim há mais de 10 anos; nunca terminei de escrever esse relato e também, nunca mostrei a qualquer pessoa... Hoje o torno de conhecimento público. Não sei para o que pode ser útil; mas quero ressaltar a minha enorme felicidade em saber que existem pesquisadores preocupados e ocupados com essa doença silenciosa e tão perversa. Que o mundo pode até desconhecer sua gravidade, mas as pessoas agora, ao menos, ouvirão falar nE.L.A...

Jamais esquecerei este nome: Esclerose Lateral Amiotrófica. Nome que até alguns médicos desconhecem... Doença degenerativa, progressiva e, cientificamente, desconhecida a cura ou qualquer tratamento que venha amenizar o enorme sofrimento que e.l.a. oferece. 
Foi um diagnóstico preciso, não havia qualquer sombra de dúvida de que era mesmo e.l.a. a enfermidade que meu pai portava.
Até então, ele levava um vida “normal”... se é que se pode chamar de normal um vida inteira (30 anos) cuidando de uma pessoa portadora de Mal de Parkinson (doença, também, neurológica; através da qual pude ver e participar da sua evolução... tremores, desequilíbrio físico, perda gradativa dos movimentos, etc.); mas, saudável! 
Imediatamente após a morte de minha mãe, quando as conseqüências do Parkinson já haviam enfraquecido bastante o seu organismo, a ponto dela não mais resistir, foi a vez de aflorar a doença que, provavelmente, dormia dentro dele. E.L.A. só deu alguns dias de descanso a ele ... idas a médicos, baterias de exames, internamento no SARAH, remédios paliativos para amenizar as dores que sentia... dependência completa ! A esta altura meu pai já não se mexia (um dedo se quer), não falava, chorava bastante; tudo o que lhe restara era a sua expressão facial e lucidez. Às vezes, eu achava que essa era a pior parte: lúcido, consciente de tudo o que lhe ocorria; porém, estático. Tendo que aceitar tudo o que lhe oferecíamos...

Eu não conseguia compreender como tal coisa poderia ter acontecido a uma pessoa tão boa, dedicada... querida! Aquele homem dedicou 30 anos de sua vida a cuidar de minha mãe; sendo companheiro, amigo, fiel em todas as horas ... foi a minha MÃE/PAI toda vida! Era ele que quando eu necessitava de alguma coisa providenciava para mim, que me levava aos lugares que eu necessitava ir, que ia nas reuniões da escola, que me levava ao médico, que saía comigo às compras, que me contava estórias para eu dormir... Minha mãe , dentro das limitações que a doença lhe impunha, foi de muito significado, também, para a minha formação. Seus conselhos valiam muito, sua sabedoria era divina, esteve sempre presente em todas as fases de minha vida... da maneira que lhe foi possível, é claro; mas nunca esteve ausente.

E agora? No dia 04 de julho/98 eu havia perdido minha mãe e eu tinha um diagnóstico dado pela médica do Sarah, que se ele fosse um Super-Homem, sobreviveria mais 05 anos! Como seria, muito em breve, sem os dois?

Meu relato parou aí. Hoje, depois de alguns anos, posso concluir dizendo que o meu pai não foi o "Super Homem" acima mencionado. A doença evoluiu rapidamente e, desde o diagnóstico até o seu óbito, não chegou a um ano. Totalmente inerte... apenas conseguia, já com certa dificuldade, piscar os olhos. Mas, em tudo, posso afirmar que Deus é bom e é soberano; nada é em vão para os que creem Nele.
 ( Denise Sarmento).

Relato na integra  autorizado por Denise Sarmento.

  Uma pessoa que viveu dentro de sua família duas 

doenças cruéis ,que serviram de edificação e  que nos deixa um 

exemplo maravilhoso de grandeza, de amor 

de superação.


EUNICE IS BLACK PRA VOCÊ!

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

VOZ COMO INSTRUMENTO DE TRABALHO


Recebi este convite hoje, e achei de muito valor compartilhar com vocês.
Para todo profissional que vive da voz, vamos ouvir relatos, instruções e muito mais. Por que cuidar da voz é no minimo salutar.

Ivan Alexandre CRFa 9647-BA
Coordenação -Painel da Voz-BAFonoaudiólogo especialista em voz
Personal Voice Trainer/Vocal Coach
Ator e Preparador vocal de atores e cantores
Consultor em comunicação interpessoal em empresas
 71  9962 2092   www.paineldavoz.com

EUNICE IS BLACK PRA VOCÊ!

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

VAI ACONTECER UM DOS MAIORES EVENTOS LITERÁRIOS DA BAHIA

Professor Germano Machado 



E você não pode perder! 

No próximo dia 15 de setembro de 2014, no Museu Geológico da Bahia, das 19 às 22 horas, o bairro Corredor da Vitória em Salvador irá acontecer um dos maiores eventos literários da Bahia. Trata-se do relançamento dos livros:  "DA FILOSOFIA E DO FILOSOFAR - O Sentido do Viver Humano" e do livro "OS DOIS BRASIS" de autoria do respeitado escritor e mestre da literatura nacional prof.  GERMANO MACHADO. 

 A cerimônia literária será organizada pelo CEPA (Circulo de Estudos, Pensamento e Ação) em parceria com a LL Editora e Produções Artísticas. Personalidades e celebridades da cultura local deverão comparecer em massa e o evento terá também Recital de Poesia e Show Musical a nível de Happy Hour. Quem assina a produção do evento é o professor Leli Cerqueira.

O lançamento faz parte das comemorações dos 63 anos do CEPA no qual o professor Germano Machado criou e mantém até hoje. O autor tem uma tendência analítica filosófica condicionada em vários cursos de Filosofia Integrativa de utilidade para estudantes de ensino médio e superior.

O professor Germano Machado é aposentado e uma das figuras mais ilustres da literatura nacional e principalmente da Bahia, hoje aposentado, mais atuou como docente na Universidade Federal da Bahia e Universidade Católica do Salvador durante muitos anos, hoje ainda ministrando seus cursos de filosofia e literatura com o seu grupo de Estudos Filosóficos.

EUNICE IS BLACK PRA VOCÊ!

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

RESTAURANTE OUI INAUGURA SEU NOVO ENDEREÇO NA BARRA


Aberto desde o início de agosto em sistema de soft opening, o restaurante francês OUI vai inaugurar oficialmente seu novo endereço, na Rua Dom Marcos Teixeira, com um jantar exclusivo para convidados: terça-feira, dia 26, a partir das 20h, na Barra. Na programação, os empresários Maria Carmem Barros e Fred Barreto de Araujo apresentam o espaço, dividido em térreo e mezanino, com capacidade para receber até 100 clientes simultaneamente. O menu continua assinado pelo chef Severino Silva - reconhecido por dar seu sofisticado toque gourmet ao tradicional cardápio da culinária francesa, como o Filé ao Poivre e a Lagosta do Chef - ou ainda por reinventar uma série de pratos de sabores marcantes e inusitados, como o carré de cordeiro na manteiga de ervas ou o magret de canard com batatas: que é o peito do pato da raça Mulard servido fatiado com sua carne macia e vermelha, recoberta por uma saborosa camada de gordura que lhe confere particular sabor e suculência. Entre as novidades gastronômicas do OUI, o restaurante passa a oferecer a Codorna Desossada, inédita no menu anterior, acompanhada de purê de mandioquinha e harmonizada com vinhos de sua diversificada adega. Para realizar essa aguardada mudança de endereço - da Bahia Marina para a Barra - os empresários investiram R$ 1,8 milhão, entre reformas da casa, decoração e paisagismo, empregando atualmente 40 funcionários.










 O acesso ao novo endereço é feito pela Rua Marques de Leão no sentido Farol - sempre com manobristas no local. Mais detalhes ou reservas pelo telefone (71) 3321-4765 ou no email barreto.mc@uol.com.br.

Estevão Terceiro | Assessor de Mídia e Comunicação
Imprensa, Relações Públicas e Produção Jornalística
(71) 8872-6569 | estevao.terceiro@gmail.com

ELA - SEM ÁGUA NO BALDE, PRESERVEM A NATUREZA!


esclerose lateral amiotrófica (ELA), também designada por doença de Lou Gehrig doença de Charcot, é uma doença neurodegenerativa progressiva e fatal, caracterizada pela degeneração dos neurônios motores, as células do sistema nervoso central que controlam os movimentos voluntários dos músculos, e com a sensibilidade preservada.
É a forma mais comum das doenças do neurônio motor e o termo esclerose lateral refere-se ao "endurecimento" do corno anterior na substância cinzenta da medula espinhal e do fascículo piramidal no funículo lateral da substância branca da medula, no qual se localizam fibras nervosas oriundas de neurônios motores superiores, formando o trato cortico-espinhal lateral.
Os músculos necessitam de uma inervação patente para que mantenham sua funcionabilidade e trofismo, assim, com a degeneração progressiva dos neurônios motores (tanto superiores, corticais, quanto inferiores, do tronco cerebral e medula), ocorrerá atrofia por desnervação, observada, na clínica, como perda de massa muscular, com dificuldades progressivas de executar movimentos e perda de força muscular.

Entre as personalidades famosas afetadas por esta doença encontram-se: Lou Gehrig (jogador de baseball norte americano), David Niven (ator britânico), o físico teórico e cosmólogo Stephen William Hawking e os músicos norte americanos Charles Mingus, o futebolista polonês Krzysztof Nowak (jogou no Brasil pelo Clube Atlético Paranaense2 ), Mike PorcaroLeadbelly e Jason Becker. O músico português José Afonso também morreu da doença. No Brasil, o ator Fausto Rocha também padeceu da doença, com a descoberta em 1997 e falecimento em 2001. Washington, ex-futebolista da Seleção Brasileira, do Clube Atlético Paranaense e do Fluminense Football Club foi portador da E.L.A ( morreu dia 25/05/2014 )3 .

Trata-se de uma doença que acomete o sistema nervoso, até o momento irreversível, que incapacita o portador à medida que avança. A pessoa sente dificuldades de se locomover, comer, falar; perde habilidade dos movimentos, inclusive das próprias mãos, não consegue ficar de pé por muito tempo pois a doença acaba por afetar toda a musculatura. Geralmente atinge pessoas mais idosas, mas há casos de pessoas que apresentaram a doença na faixa dos 20 anos de idade.
À medida que a doença progride, geralmente depois da perda das habilidades de locomoção, fala e deglutição, o doente acaba por falecer, se não for submetido a tratamento, de incapacidade respiratória quando os músculos associados à respiração são afetados.
É preciso que o paciente a partir de um determinado estágio da doença, seja acompanhado de perto por outra pessoa em função da incapacidade de executar as suas tarefas rotineiras. Como a doença não afeta as suas capacidades intelectuais, o paciente percebe tudo que acontece a sua volta, vivencia, por isso, lucidamente a doença e a sua progressão, havendo porém dificuldades de comunicação com outras pessoas, caso já exista comprometimento dos músculos da fala.

Ainda não existe tratamento eficaz ou cura. Porém, o riluzol (nome comercial: Rilutek), um medicamento de alto custo, pode retardar a evolução da doença e aumentar a sobrevida em alguns meses.
Por isso os cuidados paliativos são muito importantes para a melhoria da qualidade de vida dos doentes.
A esperança de vida varia de indivíduo para indivíduo, mas, em termos estatísticos, mais de 60% dos doentes só sobrevivem entre 2 a 5 anos.

A ALS Association (ALSA) criou um movimento nas redes sociais, denominado Ice Bucket Challenge, com o objetivo de angariar fundos para ajudar os doentes com ELA.
O desafio consiste na pessoa publicar um vídeo de si própria a tomar um banho de água gelada, desafiando depois outras pessoas a fazê-lo. Os desafiados têm 24 horas para aceitar o desafio ou doar para a instituição.
O movimento #icebucketchallenge tornou-se viral nas redes sociais depois do basquetebolista norte-americano Pete Frates e a família aceitarem o desafio e o partilharem na rede. O fenômeno foi já replicado em todo o mundo, angariando fundos para as associações homólogas de outros países. 
(.wikipedia.org)

Agora , como falei  ontem em meu programa. Longe de criticar a causa, mas fazendo a minha observação  sobre outra causa tão nobre quanto. 
Eu pergunto como fica a questão da falta de água no mundo? O desperdício que cada balde de água causa. 
Porque não buscarmos contribuir sim com o mesmo afinco na causa do ELA sem precisarmos desperdiçar água.
Divulguem a doença, doem para as pesquisas mas,
NÃO USEM ÁGUA NO BALDE, SEJAM CRIATIVOS!

PARA DOAR:
No Brasil, instituições ligadas à doença começam a sentir os efeitos da popularização. O Instituto Paulo Gontijo diz que o número de acessos ao site saiu de 500 para 20 mil por dia. Ela não fala em cifras, mas sentiu aumento das doações nos últimos dias. A Associação Brasileira de Esclerose Lateral Amiotrófica (Abrela) disse que, em cinco dias, recebeu R$ 12 mil. A média mensal é de R$ 20 mil. A Associação Pró-Cura da ELA também recebe doações.
Confira abaixo as contas bancárias para doação:
Abrela 
Santander
Agência 3919
C/C 130001906
CNPJ: 02.998.423/0001-78
Instituto Paulo Gontijo
HSBC
Agência 0319 C/C 01358-53
CNPJ: 07.933.457/0001-06
Associação Pró Cura da ELA
Bradesco
Agência 2962-9 C/C 2988-2
CNPJ: 18.989.225/0001-88
http://www.abrela.org.br/

domingo, 17 de agosto de 2014

Georgievna Grunnupp = Elke Maravilha




 Conhecida por sua gargalhada estridente e presença marcante, Elke Maravilha é o reflexo de um caleidoscópio de estilos e referências montado pelas diferentes culturas com as quais conviveu. Talvez sua multietnicidade seja um dos seus atributos mais evidentes, algo que se reflete visualmente em sua excêntrica maneira de vestir e agir.
Nascida na Rússia, Leningrado, em 22 de fevereiro de 1945, com cerca de oito anos Elke veio para o Brasil, interior de Minas Gerias, e deixou de ser Georgievna Grunnupp. No fatídico primeiro de abril de 1964 chegou ao Rio Grande do Sul onde estudou Letras com ênfase em Grego e Latim na Universidade Federal. Durante a ditadura militar voltou para a Alemanha, vagou pela Europa e até plantou fumo na Grécia. Sua itinerância lhe rendeu a habilidade de falar oito idiomas, além da fluência em duas línguas mortas.
O gosto pelo diferente e a coragem de enfrentar valores conservadores da sociedade fizeram de Elke uma eterna personagem, comumente relacionada a escândalos, algo que lhe confere um ar de irrealidade mesmo agora nos seus 68 anos.
Elke, uma das curiosidades maiores sobre a tua vida é essa itinerância, tu já moraste em muitos lugares e falas oito idiomas. Conta mais sobre isso.
Eu sou uma vira-lata, né. Minha mãe era alemã, meu pai era russo, minha avó mongol, meu avô era mestiço de viking com azerbaijano. Na Rússia, a pessoa que fala menos línguas, fala quatro. Isso é normal, meu pai falava quatorze. É louco, porque nossos vizinhos todos falam espanhol e nós não estudamos espanhol. Uma falta de educação, né? Na minha geração estudávamos, porque eramos atrelados à França culturalmente, então a gente tinha uma coisa mais ampla. Hoje é americano, né? Depois que a gente se atrelou culturalmente aos Estados Unidos, a gente caiu muito de qualidade. Na minha época a gente fazia português, francês, espanhol e inglês no ginásio, depois no clássico, estudávamos latim. Mas depois que a gente se atrelou aos estados unidos, eles acharam por bem que quanto mais idiotas nós ficássemos mais bois a gente ficava, né? Mais gado indo pro matadouro. É uma pena, chegamos ao ponto em que estamos.
Na época que tu iniciaste, a carreira artística era cheia de preconceitos contra as mulheres, como era ser uma mulher artista e independente?
Olha amor, eu nunca fui mulher, sempre fui uma pessoa. Nunca permiti ser chamada de mulher. Falei: não, não sou mulher, sou pessoa. Porque desde pequena eu percebi que o homem é melhor do que nós. Então eu resolvi não ser gênero. Quando pequena, meu pai me levava numa casa onde havia onze mulheres, eu olhava aquele movimento e depois saía com meus pais e os amigos dele pra caçar. Caçar era a última coisa que faziam, enchiam a cara, filosofavam, falavam merda, tinham afeto. E quando eu estava com as mulheres era tudo um maldizer. Até que um dia eu cheguei pro meu pai e falei: “pai, eu sou mulher, né?”, ele falou “é”. “E você é homem, né?”, ele disse “é”. “Aquelas que estão na casa conversando são mulheres? E vocês que estão na rua caçando são homens?”. Perguntei “pai, eu tenho que ser mulher? Eu tenho que ser como mulher?” e ele falou “por que, minha filha, você não gostou?”, eu falei “não”, então ele disse “não, minha filha, seja o que você quiser”. Aí eu resolvi não ser mais gênero.
De que maneira?
Simplesmente não sendo mulher. O que mulher faz? Fiscal de pica: nunca fui. Mantenedora da vida, mesmo que a vida seja um saco: não. Materialista, que matéria vem de mãe: não. Tudo que a mulher faz, eu não gosto. Porque eu não quis, eu quis ser gente, essa é minha proposta, e acho que eu estou conseguindo.

Tu acha que o mundo é muito careta?
O mundo não tá careta, o mundo tá muito ignorante. E a ignorância é mãe e irmã do preconceito. Quando eu tinha uns oito, nove anos morava na roça em Minas Gerais, e meu pai sempre falava: presta atenção na natureza, ela ensina tudo. Eu falava: mas você ensina. E ele dizia: eu faço parte da mãe natureza, mas eu erro, a mãe natureza não erra. Um dia ele falou, vem cá ver uma manifestação da mãe natureza que é importante que você conheça. Em Minas temos gado leiteiro, a topografia não permite gado de corte. E tinha uma vaca com um bezerro grande e ela queria dar para o touro. Mas eles não queriam que a vaca transasse, porque ela não daria mais leite por ficar grávida. Então o que faziam? Botaram um boi gay, o touro se satisfazia no boi gay e acabou o problema. Meu pai perguntou se percebi o que tinha acontecido, e eu falei “então a mãe natureza faz seres pra que não se procrie muito”. Depois ele me mostrava porco gay, pato gay, gente gay, normal. Mãe natureza fez, tá muito bem feito. Agora nós não conhecemos mais a mãe natureza. Hoje o ser humano olha pra mata e diz “como é bonita a natureza”, como se ele não fizesse parte. Como assim? Resultado disso é Feliciano, ou desinfeliciano, que é uma coisa horrorosa. Você sabe que essa foi a única vez que eu tive vontade de sair do Brasil. Quando as pessoas votaram nesse homem e ele falou em Cura Gay. Falei gente, nós chegamos ao cúmulo da ignorância, não vou ficar mais neste país. E ninguém fazia nada! E as pessoas que berravam eram usadas pelos calados. (sussurra) Os calados que são os piores. Agora, graças a deus, três dias depois começaram as manifestações de rua e eu falei então não preciso mais sair.
Tu é anarquista?
Eu não tenho lado político, o mais próximo do que se pode me chamar é anarquista. Mas eu não sou anarquista. As pessoas acham que eu sou de esquerda porque eu perdi a cidadania na época do Médici, fui pra cadeira – violação à lei de segurança nacional. “Você é de esquerda”, não. “Ah, mas você foi presa na época da ditadura”. Eu não sou de direita, nem de esquerda, talvez eu seja de banda. Porque eu não acredito, nunca acreditei em ideal fora do coração. Eu só acredito em ideal no coração, quando sai do coração e vem pra mente e vira uma bandeira, fudeu tudo. Seja comunismo, seja nazismo, seja PT, seja a puta que pariu… Porque de coração eu tenho que saber que eu não posso puxar teu tapete. De coração eu tenho que saber que eu não posso te explorar. De coração, de coração, de coração. De coração eu tenho que saber que eu não posso deixar você ignorante, que se eu tiver algum caminho pra alguma coisa eu tenho a obrigação de te contar. De coração. Saiu do coração, meu amor, nunca funcionou. Nunca! Meu ex marido Sacha, falou assim, Elke, você tem um carma. Eu falei “eu tenho vários, mas qual que você se refere?” E ele disse “você nasceu em leningrado, e vai morrer em lulagrado”. Que horror, Deus do céu, eu mereço. Eu tive que ver a dona Dilma na Europa ensinando a Angela Merkel a governar, gente.
O que tu achou disso?
Eu fiquei morrendo de vergonha.



O que tu acha da Angela Merkel?
Não que eu ame a Angela Merkel, entende? Não é minha paixão, mas, porra! A mulher segura aquela porra com unhas e dentes e aí vem uma PAVERNI da América do Sul, onde não tem educação, onde estamos importando pedreiros, onde não temos médicos, onde não temos merda no cu pra cagar, onde somos roubados, e ela vem querer ensinar pra Angela Merkel a governar? Ai ai ai… Não. Gente,  o que é isso? A que ponto nós chegamos?
Tu é contra o atual governo brasileiro?
O último governo que eu gostei foi do Jânio Quadros. Foi triste ele ter que sair, a primeira coisa que Jânio fez quando foi presidente da república foi devolver terra pra índio. Índio só tem terra por causa de Jânio Quadros, segunda coisa foi botar embaixador brasileiro pra nos representar lá fora. Primeiro mexeu com latifúndio, segundo com os racistas. Terceiro, foi pra Cuba, deixou bem claro que não era comunista, mas que queria que o Brasil fosse livre pra negociar com quem quisesse, inclusive URSS e Cuba, e que ele não ia participar de embargo de porra nenhuma e condecorou Fidel e Che. Deixando bem claro que o Brasil era livre. Livre? (Risos). No fundo realmente, meu amor, a única liberdade que todos têm, além de países, talvez a Mongólia seja livre, a Mongólia é. A única liberdade que nós temos é a de escolher a prisão que a gente quer ficar.
Como foi ficar presa durante a ditadura?
Fiquei presa seis dias. Foi ótimo (Risos). Foi mesmo. Olha, eu sou madrinha dos leprosos, dos loucos de hospício, dos gays, dos presidiários e dos lixeiros de Minas. Uma época, eu ia muito em um hospício, inclusive fui muito amiga de Nise da Silveira - doutora Nise, alogoana, primeira psiquiatra mulher, era sujeito homem, tinha muita coragem. Se formou em 1934 e acabou com o choque elétrico, com drogas para os loucos, ficou amiga de Jung, tive o privilégio de ser amiga dela -. E os loucos sempre gostavam de mim, mas em um dos hospícios tinha um louco que não me suportava. Olhava pra mim, baixava a cabeça e saia de perto. Eu vi que ele não tinha nada de louco, ele incomodava muito a família e então prenderam ele no hospício e lá ele começou a incomodar mais. Então davam muita droga, muito choque elétrico, pra amansar ele, mas não tinha efeito. Ele era muito forte física e espiritualmente. Então botavam ele na solitária. Um dia eu passei na frente da solitária, e falei assim, “Domingos, vim aqui conversar com você. Olha pra mim, poxa. Não é melhor você amansar um pouco? Do jeito que você é as pessoas ficam muito incomodadas, e acabam te machucando, te dando drogas, choque elétrico, te botam atrás dessas grades, você não acha muito chato viver tua vida inteira atrás dessas grades?” Então ele me olhou, veio até mim. [Elke levanta da mesa e grita] “Quem é você pra me dizer o que eu tenho que fazer, hein?! Depois, é uma questão de perspectiva, meu bem, eu também estou te vendo atrás das grades!” Sentou [ela senta], baixou o olho e nunca mais olhou na minha cara. Peguei meu rabo, botei entre as pernas e fui pra casa ficar digerindo aquilo. Ele era bem mais livre que eu, não fazia concessões. Quando fui presa eu falei: ah, é só um prédio. É só um prédio.
Ser livre é uma coisa que incomoda?
Não, porque ser livre é um trabalho de muitas gerações, não incomoda absolutamente. Mas nós não estamos prontos para isso. A gente tem liberdade de escolher a prisão que a gente quer ficar, tem gente que é até escravo da liberdade, procura tanto a liberdade que fica escravo dela.
O que tu pensa sobre a criminalização das drogas?
Sinceramente, não sei qual é a solução. Agora uma coisa eu sei, as campanhas que se fazem são completamente equivocadas, as pessoas não divulgam que a droga é gostosa. Se tua vida for preenchida de certas coisas você não vai precisar da droga, ou você vai usar a droga para encontro ou para ritual. Entende? Cada droga preenche alguma coisa que você não tem. Por exemplo, maconha é relaxante. Eu fumando maconha, já fumei muitas vezes, durmo, porque eu já sou relaxada, não é algo de que eu precise. A cocaína é uma droga de poder, dá a sensação de que você é poderosíssimo. Uma vez em Nova York eu estava numa festa, passou a bandeja, falei que não ia querer. Não, me disseram, cheira porque se não você vai ser execrada. Eu cheirei, meu amor, eu fiquei tão brilhante, tão poderosa que comecei a contar a história do Brasil de 22 de abril de 1500 até então, mil novecentos e oitenta e pouco, o pessoal parou de dançar pra ouvir a história do Brasil, e só tinha três brasileiros. Eu não preciso dessa sensação de poder, mas tem gente que se sente uma merda tão grande, que precisa dessa sensação. É como botar o pau na mesa: eu sou mais do que você, então você vai ter que me engolir. E o que é o máximo hoje em dia, não é o poder? Então pra você tirar a cocaína de uma pessoa você tem que educa-la de um outro jeito, não dizer que o máximo é o poder. Eu também fumei crack, o crack é uma euforia, eu não preciso, mas criança de rua não precisa? Precisa, amor. Pra você tirar uma pessoa do crack, além do problema físico, você tem que dar uma coisa mais gostosa pra ela. E outra coisa, droga não é pra fuga, é pra encontro. A minha geração tomou drogas pra autoconhecimento, agora eu não vejo mais gente tomando droga pra autoconhecimento, eu só vejo ou pra curtir, ou pra fugir. O poder é a pior droga e ninguém persegue o poder. Quem matou mais, a cocaína ou Medellín? Foi Medellín, não é? O que você tem que fazer? Educar bem as crianças. Eu tive consciência plena, não fiz filho porque eu não sei educar uma criança, e porque não posso ter âncoras, filhos são âncoras. Inclusive fiz abortos. Sem a menor culpa, porque, puta que pariu, eu não saberia educar uma criança. Quando você fizer um filho você tem que estar consciente de que você está dando a vida e está dando a morte.
Os teus abortos foram públicos, nunca foi um arrependimento?
Não, quanto mais velha eu fico mais eu acho que acertei. Depois, temos sete bilhões de pessoas no mundo e um bilhão e duzentos milhões no perrengue. Eu tenho muitos deuses, sou politeísta. Tem uma frase do Álvaro de Campos que eu acho que foi feita pra mim: ergo em cada canto de minha alma um altar a um deus diferente. Eu vejo que as pessoas tem uma ideia muito de gente de deus, “deus é fiel”. Fiel? Fiel é um adjetivo que fizeram pra gente, deus não cabe em um adjetivo que fizeram pra gente. Vai se fuder, deus é fiel. “Deus é bom”, não cabe. Não é. Deus é tsunami. Deus é geleira despencando, deus é tempestade de neve, deus é tempestade de areia. As religiões nos atrapalharam muito. O que essas religiões fizeram? Fora o budismo. O cristianismo, eu adoro Cristo, mas Cristo só trata do homem. E a floresta, que é nossa irmã? E a pedra, que é nossa irmã? E o cavalo? E o rato? E o vírus da Aids? E o Tubarão? São todos nossos irmãos. Então na realidade o que nós fizemos? Botamos um monte de coisa pro homem fazer e esquecemos do tempo em que a terra era sagrada, do tempo em que a floresta era sagrada. Você pedia licença para tirar uma folha, nos tempos em que o mar era sagrado, para os gregos era Poseidon, para os romanos Netuno, para os africanos Iemanjá, você não poluía o mar, né? No tempo em que o raio era sagrado, para os africanos Iansã, o trovão, Xangô, na hora em que a deusa raia e o deus trovão se encontram tem a trepada do céu com a terra, e aí tem o orgasmo que é chuva e a terra germina. Isso é sagrado. Agora nós… no sábado não pode fazer isso, porque segunda não sei o quê, meu deus do céu! Esquecemos a mãe natureza e essa profanação, gente?
Tu tem uma religiosidade própria, sem seguir nenhuma filosofia?
Religar, a vida é sagrada. E ninguém tá tratando a vida como sagrada. Qual é a proposta? Casar, ter filho, ganhar dinheiro, deus é o dinheiro. Antigamente, Cronos na Grécia era o tempo, por isso falamos cronometragem, entre os africanos era Ludumaré, tão reverenciado que nem o nome diziam. Aí chega o americano e diz Time is Money. E o que fizeram? Não usam mais o tempo para ser, só para ter. Ter não é ruim não, mas você usar seu tempo todo para ter?
Tem uma frase interessante tua, ‘a moral não está no meio das pernas’. Tu acha que a sexualidade deveria ser tratada de outra maneira?
Eu nunca fui obediente, mas na minha geração você não podia trepar sem casar. Eu nunca fui mulher, então não tive esse problema, trepei e pronto. Só fazem com você o que você permite. Tem um texto que eu gosto muito, que eu faço no meu espetáculo, de Étienne de la Boétie:“Gostaria de entender, gostaria apenas de entender como é que pode ser que tantos homens, tantas cidades, tantos países suportem às vezes, uma tirania que tem apenas o poder que eles próprios lhe dão. O que faz com que uma nação trate as outras como escrava e as prive de sua liberdade? Será que não sabem que não é preciso combater essa tirania? Que não é preciso anulá-la, porque ela se anula a si própria. Basta que não se consinta em servi-la. Se nada se dá aos tiranos, se ninguém lhes obedece, sem lutar, sem golpear, eles ficam nus, ficam feridos e não são mais nada, são como o galho que se torna seco quando a raiz não tem nem umidade nem alimento. Decidam não mais servir e estarão livres. Não mais o sustentem e verão como o grande colosso de quem se subtraiu a base pode desmanchar-se com seu próprio peso e desmoronar.” 1460 – etienne de la boetie. Só não obedecer, fácil.
Como Gandhi?
Como Gandhi, como Sócrates, como os bolivianos.
Bolivianos da geração Morales?
Antes e em Morales. Ele não é ditador, é um índio que quer proteger sua raça.O índio boliviano é o povo mais ético e honrado do mundo, junto com o Japão. Mas eu admiro mais o índio boliviano porque ser ético e honrado sem dinheiro quase nenhum é mais difícil. Uma vez eu cheguei para uma senhora da Bolívia, índia, né? Porque o branco boliviano é estragado. Eu cheguei para uma mulher lá e falei, “como vocês bolivianos são diferentes”. Ela falou, “como assim?” Ela tinha dois dentes na boca, pobre de marré deci. Eu falei o seguinte, “eu sei que vocês tiveram ditadores, mas do jeito que o ditador sobe, vocês fazem huelga general, nem mosquito voa, e vocês só voltam a trabalhar quando o ditador caiu”. Eu falei, “vocês não deixam a doença se instalar”. Por exemplo, eu nasci na Rússia: setenta anos de ditadura, minha mãe era alemã: vinte anos de ditadura, sou brasileira: vinte anos de ditadura, fora as que tiveram antes, Cuba: quarenta anos de ditadura, Argentina: vinte anos de ditadura, e Chile… E trinta e três anos de um homem só no Paraguai. E a gente que teve ditadura fica “ah, o que a ditadura fez… ah…”. Eu não reclamo, porque eu sou responsável, só fazem comigo o que eu permito, então quando falam pra mim “ah, e a ditadura?”, ótima, eu permiti. Então falei pra ela, “vocês são o único povo que não permitem isso”. Ela falou, “pois é, nós somos o povo mais pobre da América Latina, mas nós nunca remamos a favor da corrente, e a senhora há de entender, tem povos que ainda não são povos, ainda são gado”. Eu fiz mó três vezes: nasci na Rússia, móooo, mãe alemã, móoooo, sou brasileira móoooo. Eu cheguei a perfeição, três vezes gado! Não é uma beleza? Que maravilha aquela mulher, que lição!

Como tu definiria Elke Maravilha?
Como nós todos, não temos definição. Somo tudo, somos santos e demônios,  somos bonitos, somos feios, somos grandes, somos minhocas. Nesse ponto é muito bom ter nascido russa. Freud dizia, o russo e o irlandês são os únicos povos que não precisam de psicanálise porque não tem medo de mostrar sua sombra. Não tem medo de dizer “olha eu sou mau e eu sou bom”, não tem essa de ficar camuflando nada. Porque os outros povos tem medo, só querem mostrar o lado positivo. Eu lembro de quando era pequena, meu pai falou, “filha, o que você estudou hoje?”. “Estudei uma coisa maravilhosa, que o povo brasileiro não é um povo violento”. Ele perguntou,” onde é que você ouviu essa bobagem?”. “A professora que falou”. “A professora fala qualquer merda, você acredita?” Eu falei, “tá escrito aqui, olha pai”. Ele disse, “minha filha, o papel é muito paciente, você escreve qualquer merda nele, ele aceita. Pergunta amanhã se o que fizeram com os negros não foi violência, pergunta amanhã sobre o que fizeram com os índios, quando o português chegou tinha 22 milhões, agora tem uns 400 mil (agora então tem uns 100 mil), cadê? Pergunta se morrer na fila do INPS ( na época era INPS) não é violência? Pergunta se deixar uma pessoa analfabeta não é violência? Pergunta!” E eu comecei a perguntar. Aí virei uma pentelha.

Por Luna Mendes e Natascha Castro 




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